[PT]
Título: Homo Ignarus: Ética Racional para um Mundo Irracional
Ano: (2020)
Editora: MinervaCoimbra
Autor: Steven S. Gouveia (Uni.Minho)
Páginas: 250.
Comprar: aqui.
Título: Homo Ignarus: Ética Racional para um Mundo Irracional
Ano: (2020)
Editora: MinervaCoimbra
Autor: Steven S. Gouveia (Uni.Minho)
Páginas: 250.
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Blurb: Como jurista, é refrescante e desafiante atestar a absoluta relevância do tema na nossa percepção actual dos tópicos jurídicos que resultam de uma perspectiva interdisciplinar de aproximação à discussão (bio)ética. A primeira garantia de qualidade da obra resulta aliás da panbiografia académica do seu autor, que sempre oferece uma profunda escalpelização e uma (re)conceptualização rigorosa que são penhor da qualidade e apuro do resultado apresentado. Os desafios emergentes estão bem sistematizados na estrutura da obra, que aliás parece ancorar-se num subliminar princípio da precaução, tão essencial ao Homem hodierno.
(Prof. Dr. Luísa Neto, Faculdade de Direito da Universidade do Porto) Blurb: A leitura do Homo Ignarus é interessante. Um comentário breve poderia ser algo como: se não aprecia ser desafiado nos seus raciocínios, é melhor não ler este livro porque nalgum (ou em vários) dos temas pode bem correr o risco de questionar-se e de se intranquilizar; ou de ficar a discutir com as páginas. O que, bem vistas as coisas, é exatamente o que alicia a ler. Não é preciso que tudo num livro esteja ao nosso gosto, é vital que nos desafie a colocar argumentos, a esgrimir pensamento rigoroso, a extrair consequentes. Desta forma, a recomendação mais útil de Steven S. Gouveia é a de nos afastarmos ao máximo do Homo Ignarus, o que nos levará a lê-lo devagar, seguindo as anotações e as referências. E a formular, cada leitor ou leitora, o seu juízo sobre.
(Profª. Drª. Lucília Nunes, Vice-Presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida) Steven S. Gouveia trata temas de extrema atualidade, com o rigor da lógica, apresentando argumentos claros e alcançando conclusões que estimulam a reflexão do leitor!
(Prof. Dr. André Dias Pereira, Director do Centro de Direito Biomédico, Professor da Faculdade de Direito, Universidade de Coimbra) |
Blurb: Steven S. Gouveia seduz-nos logo a partir do título: Como mitigar a nossa ignorância? Como limitar a onda de irracionalidade? Para isso é imprescindível a ética, esse ramo da filosofia que ele tão bem ilustra em oito exemplos práticos suscitados pela realidade actual. A eutanásia, a inteligência artificial, os animais, as eleições, etc. colocam-nos sérios dilemas éticos, ficando o leitor mais bem preparado para os desafios contemporâneos depois de ler os argumentos do autor.
(Prof. Dr. Carlos Fiolhais, Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra). Blurb: Numa linguagem clara e assertiva, a obra de Steven S. Gouveia interpela alguns dos principais dilemas éticos das sociedades contemporâneas. O leitor é conduzido a interrogar-se sobre as causas da ignorância estrutural do ser humano e a desiludir-se com o diagnóstico de desinformação, manipulação e subjugação a interesses económicos a que todos parecemos estar rendidos. Com exemplos empíricos marcantes, desde os problemas éticos associados à eutanásia, à inteligência artificial, à ideologia dos estilos de vida saudáveis, passando pela ética dos animais, a escrita de Steven S. Gouveia provoca e desperta consciências. Trata-se de uma leitura urgente para todos os cidadãos interessados em deixarem-se desafiar para uma reflexão crítica e lúcida do mundo atual.
(Profª. Drª. Helena Machado, Professora Catedrática de Sociologia e Presidente do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho Homo Ignarus de Steven S. Gouveia é mais uma bela forma para confrontarmos a nossa ignorância. Ao levantar interrogações sobre a maneira como vivemos e os problemas éticos da contemporaneidade, o livro permite encontrar uma renovada forma de viver a posição de ignorância a que muitos destes assuntos nos condenam. Depois poderá, tal como um Sócrates, saber que nada sabe e, ao mesmo tempo, pensar de forma mais profunda com os outros a partir dos exemplos, desafios e explicações oferecidas nos vários capítulos.
(Profª. Drª. Dina Mendonça, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa) |
Prefácio - Peter Singer (Princenton / Melbourne University)
"(...) Neste livro, Steven S. Gouveia analisa estes e outros problemas éticos em detalhe, contrastando as várias posições existentes. Por exemplo, no sétimo capítulo, sobre ética animal, o autor explora a variedade de posições que podemos encontrar entre os defensores dos animais. É minha esperança que este tipo de discussão racional e troca de argumentos possa conduzir a algum progresso. É, portanto, importante reconhecer que, embora a Ética, como disciplina da Filosofia, seja uma reflexão abstracta e ponderada sobre várias ideias teóricas, esta área de investigação tem uma aplicação prática e pode influenciar, para o bem ou para o mal, o mundo real. Além dos temas sobre os quais trabalhei, o leitor encontrará distintos tópicos que são interessantes e relevantes para o mundo em que vivemos actualmente. Esses tópicos incluem como devemos pensar eticamente sobre as novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, e a relação entre humor, ética e liberdade de expressão. O objetivo de Steven é claro: podemos fazer mais para alcançar um mundo cada vez mais justo e ético. Mesmo que o leitor não concorde com todas as ideias aqui apresentadas, deve haver uma aceitação geral de que debate rigoroso como apresentado neste livro é o caminho para o progresso ético. Espero que este livro introduza muitos leitores a novas ideias e que o faça pensar nas suas crenças mais básicas e, talvez, reformular algumas de suas ideias pré-estabelecidas sobre estes temas. E também desejo que, reflectindo sobre questões éticas, o leitor queira saber não somente o que é eticamente correcto, mas que deseje ser melhor, algo que, como irá ver, está ao alcance de cada um de nós."
Introdução
"(...) Este livro é sobre oito problemas éticos da sociedade actual com que qualquer um dos leitores já foi confrontado, tenha formação académica ou não. Provavelmente, terá uma opinião sobre cada um destes temas, e a sua vida é influenciada por pressupostos filosóficos que assume com mais ou menos reflexão e sentido crítico. Assim, este livro é uma obra de ética aplicada que procura mostrar que é necessário, cada vez com mais urgência, pensar racionalmente e baseado na melhor evidência científica disponível diversos desses problemas. Claro, esta forma de pensar está muito longe do Homo Ignarus actual: como a fast food, grande parte dos indivíduos prefere uma versão analógica de conhecimento. Uma meia-verdade basta, não importando parar para pensar, ou sequer averiguar se há especialistas com formação sobre o tema. Desde que se tenha uma gravata bonita ou um belo sorriso, tudo servirá para engolir os “calcitrins” retóricos deste novo mundo que é ampliado pelo mundo digital. Mas será que tem mesmo de ser assim? Homo Ignarus é um conceito original em latim para referir o que diversos estudos empíricos apontam: o ser humano comum é estruturalmente ignorante, despreza informação empírica para tomar decisões e é influenciado por falsa informação e retóricas (ver capítulos seis e oito). Por si só, tal não parece um problema. Mas o caso muda de figura quando o cidadão comum tem impacto em diversos problemas éticos, como apresentados neste livro. (...)"
Capítulo 1: Ética do Altruísmo Eficaz
O primeiro capítulo focar-se-á na ética do Altruísmo Efectivo, a ideia de que temos a obrigação moral de doar o nosso dinheiro de forma mais eficiente possível. Avaliaremos as objecções principais a este movimento.
Capítulo 2: Ética da Eutanásia
No segundo capítulo, debatermos a ética da Eutanásia, defendendo que a actual situação é injusta e profundamente imoral por se basear numa distinção entre "matar" e "deixar morrer" que se encontra equívocada.
Capítulo 3: Ética da Responsabilidade na Inteligência Artificial
No terceiro capítulo, iremos debater a forma como as novas tecnologias de Inteligência Artificial põem em causa as nossas tradicionais concepções de responsabilidade. Apresentaremos uma proposta de solução, baseada no conceito de Responsabilidade Distribuída.
Capítulo 4: Ética da Simulação
No capítulo quarto iremos discutir a Ética da Simulação: será que devemos criar simulações a la Matrix, se tivermos a tecnologia necessária de modo a evitar a extinção humana? Será esta hipótese plausível? Que problemas éticos levanta? Debatermos esta questões com detalhe.
Capítulo 5: Ética do Humor e Liberdade de Expressão
O quinto capítulo debate uma problemática muito na moda: será que o humor deve ter limites? Defenderemos que, em alguns casos, poderá haverá um limite ético ao humor mas que a censura nunca é uma opção justa.
Capítulo 6: Ética dos “Nudges”
O capítulo sexto segue debatendo a ética dos Nudges, uma forma nova de fazer política que usa conhecimentos da economia comportamental para influenciar inconscientemente os cidadãos para tomarem melhores opções em termos de saúde, dinheiro, educação, etc. Concluiremos com cepticismo dado que esta proposta é demasiado perigosa devido à falta de transparência e consentimento.
Capítulo 7: Ética dos Animais
O capítulo sete irá debater a ética dos Animais: será que devemos tratar melhor a forma como utilizamos os animais sencientes? Defenderemos que sim, mostrando a diversidade de posições existentes nesta área de investigação.
Capítulo 8: Ética do Voto
O capítulo oitavo debate a ética do voto, onde defenderemos que a posição popular que temos a obrigação moral de votar é falsa e, pelo contrário, defenderemos que temos a obrigação moral de não votar caso sejamos cidadãos incompetentes.
Conclusão
"Encerro esta obra na esperança de que o leitor tenha ficado convencido de que a reflexão ética é muito relevante e que as nossas intuições subjectivas pouco reflectidas não devem servir de guia para as nossas decisões. Os problemas de ética aplicada apresentados neste livro fazem, na sua maioria, parte do seu dia-a-dia. Provavelmente ainda hoje ao jantar terá comido carne de algum tipo de animal. E talvez tenha discutido com a sua família se a eutanásia devia ser legalizada ou não. Também poderá ter lembrado os seus familiares que têm de ir votar nas eleições porque é algo afirmado por todos. Ou talvez tenha achado graça aquela piada racista que viu no Facebook do Rui Sinel de Cordes. Seja como for, espero que o leitor tenha percebido que todas estes temas requerem conhecimento e paciência para serem abordados. Por serem problemas complexos, não podem ter soluções fáceis como a sua primeira intuição sobre o tema. Mas lembre-se que deve tentar afastar-se ao máximo do Homo Ignarus: deve procurar conhecimento fidedigno, ouvir os especialistas formados e pagos para fazer determinada investigação e ser instrumentalmente honesto, isto é, não assumir nada como verdade à partida e procurar descobrir informação sólida se quiser saber mais sobre um assunto e se pretender tomar uma melhor decisão sobre qualquer um dos temas aqui apresentados. Mas este exercício deve ser feito criticamente com toda a gente que lhe tentar vender alguma ideia: seja essa pessoa doutorada em ética ou um vendedor do calcitrin, deve ter exactamente o mesmo nível de espírito crítico e não aceitar, apenas porque sim, a opinião de alguém que lhe pareça bem na fotografia. (...)."
Pósfácio - Viriato Soromenho-Marques (Universidade de Lisboa)
"(...) Vivemos num tempo que transborda de dados, que nos inunda de informação, mas onde escasseia o tempo para reflectir, a demora indispensável para a difícil via do amadurecimento pessoal que conduz à sabedoria. Contudo, desde Heraclito que a Filosofia não confunde o verdadeiro conhecimento com a polimatia. Neste livro, Steven S. Gouveia interroga-se sobre as tarefas da Filosofia nesta época onde a própria diferença tão agudamente traçada por Immanuel Kant entre “entendimento” (Verstand) e “razão” (Vernunft) se perdeu. Com determinação e coragem intelectual, mas também com a humildade de quem sabe que o pensar se faz em exercício de diálogo com os outros, e que o próprio erro faz parte integrante do processo que nos permite aproximar da verdade, na resposta às perguntas que julgamos fundamentais, o autor deste livro lança-se na aventura de pensar alguns dos problemas cruciais que afectam o destino da civilização humana em geral e a vida de cada um de nós em particular. (...) A perspectiva de Steven S. Gouveia é a da ética – uma das mais nobres disciplinas filosóficas – e o seu ângulo de abordagem insere-se - confortavelmente suportado pela sua sólida formação cultural anglo-saxónica – na tradição analítica, uma das mais importantes no pensamento filosófico contemporâneo. Estou certo de que ao percorrer as páginas deste livro, escrito sempre com a preocupação do rigor e da clareza, o leitor encontrará motivos de satisfação intelectual, tanto na meditação das teses que lhe mereçam concordância, como, talvez ainda mais, no exercício de argumentação perante aquelas que lhe suscitem dúvida ou mesmo discordância. Pois não existe merecimento sem esforço, nem melhor vida do que aquela que não teme interrogar-se nos seus próprios fundamentos."
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"(...) Neste livro, Steven S. Gouveia analisa estes e outros problemas éticos em detalhe, contrastando as várias posições existentes. Por exemplo, no sétimo capítulo, sobre ética animal, o autor explora a variedade de posições que podemos encontrar entre os defensores dos animais. É minha esperança que este tipo de discussão racional e troca de argumentos possa conduzir a algum progresso. É, portanto, importante reconhecer que, embora a Ética, como disciplina da Filosofia, seja uma reflexão abstracta e ponderada sobre várias ideias teóricas, esta área de investigação tem uma aplicação prática e pode influenciar, para o bem ou para o mal, o mundo real. Além dos temas sobre os quais trabalhei, o leitor encontrará distintos tópicos que são interessantes e relevantes para o mundo em que vivemos actualmente. Esses tópicos incluem como devemos pensar eticamente sobre as novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, e a relação entre humor, ética e liberdade de expressão. O objetivo de Steven é claro: podemos fazer mais para alcançar um mundo cada vez mais justo e ético. Mesmo que o leitor não concorde com todas as ideias aqui apresentadas, deve haver uma aceitação geral de que debate rigoroso como apresentado neste livro é o caminho para o progresso ético. Espero que este livro introduza muitos leitores a novas ideias e que o faça pensar nas suas crenças mais básicas e, talvez, reformular algumas de suas ideias pré-estabelecidas sobre estes temas. E também desejo que, reflectindo sobre questões éticas, o leitor queira saber não somente o que é eticamente correcto, mas que deseje ser melhor, algo que, como irá ver, está ao alcance de cada um de nós."
Introdução
"(...) Este livro é sobre oito problemas éticos da sociedade actual com que qualquer um dos leitores já foi confrontado, tenha formação académica ou não. Provavelmente, terá uma opinião sobre cada um destes temas, e a sua vida é influenciada por pressupostos filosóficos que assume com mais ou menos reflexão e sentido crítico. Assim, este livro é uma obra de ética aplicada que procura mostrar que é necessário, cada vez com mais urgência, pensar racionalmente e baseado na melhor evidência científica disponível diversos desses problemas. Claro, esta forma de pensar está muito longe do Homo Ignarus actual: como a fast food, grande parte dos indivíduos prefere uma versão analógica de conhecimento. Uma meia-verdade basta, não importando parar para pensar, ou sequer averiguar se há especialistas com formação sobre o tema. Desde que se tenha uma gravata bonita ou um belo sorriso, tudo servirá para engolir os “calcitrins” retóricos deste novo mundo que é ampliado pelo mundo digital. Mas será que tem mesmo de ser assim? Homo Ignarus é um conceito original em latim para referir o que diversos estudos empíricos apontam: o ser humano comum é estruturalmente ignorante, despreza informação empírica para tomar decisões e é influenciado por falsa informação e retóricas (ver capítulos seis e oito). Por si só, tal não parece um problema. Mas o caso muda de figura quando o cidadão comum tem impacto em diversos problemas éticos, como apresentados neste livro. (...)"
Capítulo 1: Ética do Altruísmo Eficaz
O primeiro capítulo focar-se-á na ética do Altruísmo Efectivo, a ideia de que temos a obrigação moral de doar o nosso dinheiro de forma mais eficiente possível. Avaliaremos as objecções principais a este movimento.
Capítulo 2: Ética da Eutanásia
No segundo capítulo, debatermos a ética da Eutanásia, defendendo que a actual situação é injusta e profundamente imoral por se basear numa distinção entre "matar" e "deixar morrer" que se encontra equívocada.
Capítulo 3: Ética da Responsabilidade na Inteligência Artificial
No terceiro capítulo, iremos debater a forma como as novas tecnologias de Inteligência Artificial põem em causa as nossas tradicionais concepções de responsabilidade. Apresentaremos uma proposta de solução, baseada no conceito de Responsabilidade Distribuída.
Capítulo 4: Ética da Simulação
No capítulo quarto iremos discutir a Ética da Simulação: será que devemos criar simulações a la Matrix, se tivermos a tecnologia necessária de modo a evitar a extinção humana? Será esta hipótese plausível? Que problemas éticos levanta? Debatermos esta questões com detalhe.
Capítulo 5: Ética do Humor e Liberdade de Expressão
O quinto capítulo debate uma problemática muito na moda: será que o humor deve ter limites? Defenderemos que, em alguns casos, poderá haverá um limite ético ao humor mas que a censura nunca é uma opção justa.
Capítulo 6: Ética dos “Nudges”
O capítulo sexto segue debatendo a ética dos Nudges, uma forma nova de fazer política que usa conhecimentos da economia comportamental para influenciar inconscientemente os cidadãos para tomarem melhores opções em termos de saúde, dinheiro, educação, etc. Concluiremos com cepticismo dado que esta proposta é demasiado perigosa devido à falta de transparência e consentimento.
Capítulo 7: Ética dos Animais
O capítulo sete irá debater a ética dos Animais: será que devemos tratar melhor a forma como utilizamos os animais sencientes? Defenderemos que sim, mostrando a diversidade de posições existentes nesta área de investigação.
Capítulo 8: Ética do Voto
O capítulo oitavo debate a ética do voto, onde defenderemos que a posição popular que temos a obrigação moral de votar é falsa e, pelo contrário, defenderemos que temos a obrigação moral de não votar caso sejamos cidadãos incompetentes.
Conclusão
"Encerro esta obra na esperança de que o leitor tenha ficado convencido de que a reflexão ética é muito relevante e que as nossas intuições subjectivas pouco reflectidas não devem servir de guia para as nossas decisões. Os problemas de ética aplicada apresentados neste livro fazem, na sua maioria, parte do seu dia-a-dia. Provavelmente ainda hoje ao jantar terá comido carne de algum tipo de animal. E talvez tenha discutido com a sua família se a eutanásia devia ser legalizada ou não. Também poderá ter lembrado os seus familiares que têm de ir votar nas eleições porque é algo afirmado por todos. Ou talvez tenha achado graça aquela piada racista que viu no Facebook do Rui Sinel de Cordes. Seja como for, espero que o leitor tenha percebido que todas estes temas requerem conhecimento e paciência para serem abordados. Por serem problemas complexos, não podem ter soluções fáceis como a sua primeira intuição sobre o tema. Mas lembre-se que deve tentar afastar-se ao máximo do Homo Ignarus: deve procurar conhecimento fidedigno, ouvir os especialistas formados e pagos para fazer determinada investigação e ser instrumentalmente honesto, isto é, não assumir nada como verdade à partida e procurar descobrir informação sólida se quiser saber mais sobre um assunto e se pretender tomar uma melhor decisão sobre qualquer um dos temas aqui apresentados. Mas este exercício deve ser feito criticamente com toda a gente que lhe tentar vender alguma ideia: seja essa pessoa doutorada em ética ou um vendedor do calcitrin, deve ter exactamente o mesmo nível de espírito crítico e não aceitar, apenas porque sim, a opinião de alguém que lhe pareça bem na fotografia. (...)."
Pósfácio - Viriato Soromenho-Marques (Universidade de Lisboa)
"(...) Vivemos num tempo que transborda de dados, que nos inunda de informação, mas onde escasseia o tempo para reflectir, a demora indispensável para a difícil via do amadurecimento pessoal que conduz à sabedoria. Contudo, desde Heraclito que a Filosofia não confunde o verdadeiro conhecimento com a polimatia. Neste livro, Steven S. Gouveia interroga-se sobre as tarefas da Filosofia nesta época onde a própria diferença tão agudamente traçada por Immanuel Kant entre “entendimento” (Verstand) e “razão” (Vernunft) se perdeu. Com determinação e coragem intelectual, mas também com a humildade de quem sabe que o pensar se faz em exercício de diálogo com os outros, e que o próprio erro faz parte integrante do processo que nos permite aproximar da verdade, na resposta às perguntas que julgamos fundamentais, o autor deste livro lança-se na aventura de pensar alguns dos problemas cruciais que afectam o destino da civilização humana em geral e a vida de cada um de nós em particular. (...) A perspectiva de Steven S. Gouveia é a da ética – uma das mais nobres disciplinas filosóficas – e o seu ângulo de abordagem insere-se - confortavelmente suportado pela sua sólida formação cultural anglo-saxónica – na tradição analítica, uma das mais importantes no pensamento filosófico contemporâneo. Estou certo de que ao percorrer as páginas deste livro, escrito sempre com a preocupação do rigor e da clareza, o leitor encontrará motivos de satisfação intelectual, tanto na meditação das teses que lhe mereçam concordância, como, talvez ainda mais, no exercício de argumentação perante aquelas que lhe suscitem dúvida ou mesmo discordância. Pois não existe merecimento sem esforço, nem melhor vida do que aquela que não teme interrogar-se nos seus próprios fundamentos."
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Nota: resta-me agradecer a todos aqueles que foram precisosos para que o livro visse a luz do dia. Deixo o nome de alguns deles esperando que gostem do resultado final: Juliana Queires, Sofia Almeida, Inês Caetano, Dina Mendonça, Carolina Simões, Lurdes Simões, Fernanda Furtado, Elisa Sequeira, Carlos Coelho, Rui Rego, Joana Ferreira, Susana Costa, Célia Sequeira, Diogo Morgado Rebelo, Isaura Martins, Catarina Almeida, Carlos João Correia, João Pedro Araújo, Ludwig Krippahl, Gonçalo Marcelo, José Alves Jana e todos os restantes.